Turma dos “sem religião” é a que mais cresceu em Curitiba entre 2010 e 2022 1y6kb

Capital perdeu quase 80 mil católicos e ganhou mais de 40 mil evangélicos, mas população sem religião ganhou 54 mil indivíduos c6p3x

Rodolfo Luis Kowalski
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Católicos ainda são maioria na Capital, mas começam a perder espaço (Foto: José Fernando Ogura/SECOM)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou recentemente dados do Censo Demográfico de 2022 que tratam do perfil religioso do Brasil. E no caso curitibano, o estudo trouxe uma revelação curiosa. É que, entre todas as crenças pesquisadas, a que mais cresceu na Capital (em número absoluto) foi justamente… a irreligião. Ou seja, a turma dos que não seguem qualquer religião.

Conforme os dados oficiais, em 2022 o município de Curitiba reunia 158.164 pessoas que se declaravam “sem religião”. Isso equivale a 9,96% da população com 10 anos ou mais de idade contadas pelo Censo, o que significa que um em cada dez curitibanos não segue qualquer crença em específico ou mesmo não tem uma crença para chamar de sua. Doze anos antes, no entanto, essa proporção era de apenas 6,78%, com 103.855 curitibanos declarando não ter uma religião.

Entre 2010 e 2022, portanto, a turma dos “sem religião” na cidade ganhou 54.309 indivíduos, com um incremento de 52,29%.

Para se ter uma dimensão do que isso representa, no mesmo período os evangélicos conquistaram mais 43.101 fiéis, ando de 361.965 para 405.066 (uma alta de 11,91%). Os católicos, por sua vez, viram o contingente de adeptos reduzir de 958.889 para 880.489 (-78.405, ou -8,18%). Com isso, atualmente temos que 23,63% dos curitibanos são evangélicos e 62,6%, católicos.

Umbanda e candomblé crescem mais de 400% 6w675z

Em termos proporcionais, por outro lado, umbanda e candomblé registraram a alta mais expressiva em Curitiba: +442.03%. Em 2010, 3.919 pessoas se declaravam adeptas das religiões de matriz afro-brasileira e africana, o equivalente a 0,26% da população na cidade com mais de 10 anos de idade. Doze anos depois, já eram 21.242 indivíduos, ou 1,34% da população.

A população espírita na cidade, a exemplo da católica, também recuou, ando de 44.351 para 42.986 (-3,08%). Da mesma forma, o número de pessoas que declararam não saber qual sua religião caiu 27,1%, ando de 2.000 indivíduos para 1.458. Já os adeptos de outras religiosidades (como judaísmo, budismo e outros) cresceu 34,41%, ando de 56.619 pessoas para 76.103.

No Paraná, evangélicos foram os que mais cresceram… 164m4p

Apesar do “triunfo” da turma dos “sem religião” em Curitiba, no Paraná como um todo quem mais cresceu (em número absoluto) foi a população evangélica. Em 2010, eles somavam 1.945.076 fiéis (21,7% da população com mais de 10 anos de idade). Em 2022, já eram 2.601.880 (26,06% do total). Ou seja, o estado ganhou mais 656.804 evangélicos em 12 anos.

Os católicos, por sua vez, mantiveram-se estáveis. Eram 6.277.633 em 2010 e somavam 6.275.443 em 2022, o que representa uma perda de 2.190 fiéis (e uma variação de -0,03%). A proporção de católicos dentro da população paranaense, no entanto, ou de 70,04% para 62,85%.

Quando considerado o avanço proporcional, mais uma vez o grande destaque é a umbanda e o candomblé. Essas religiões somavam apenas 7.796 adeptos em 2010. Doze anos depois, já eram 58.530 (uma alta de 650,77%). E os “sem religião” também tiveram alta expressiva no estado, de 45,81%, ando de 413.248 pessoas para 602.549.

… E já são maioria em sete cidades 3a422a

Os dados do Censo 2022 revelam ainda que sete municípios paranaenses já têm mais evangélicos do que católicos, embora isso esteja longe de ser a regra no estado. Esses são os casos de Adrianópolis, Antonina, Guaraqueçaba, Nova Santa Rosa, Paranaguá, Tunas do Paraná e Doutor Ulysses, como se pode ver na tabela abaixo.

Em Paranaguá, no litoral do Paraná, haviam 125.026 pessoas com mais de 10 anos de idade em 2022. Os católicos somavam 47.552 fiéis (38,03%) e os evangélicos, 50.219 (40,17%). Já em Antonina, também no litoral, havia 6.502 católicos (41,3%) ante 6.559 evangélicos (41,66%).

Já em Guaraqueçaba (52,8%), Tunas do Paraná (52,67%), Doutor Ulysses (56,16%) e Nova Santa Rosa (58,3%) os evangélicos são mais da metade da população com mais de 10 anos nessas cidades.