O futuro é analógico: Curitiba ganha uma nova loja de discos de vinil 67284p

Inaugurada há poucos meses na galeria do edifício Santos Andrade, no Centro, espaço reúne três "selos": Vinil Attack, Agreste Discos e Môio Azedo Discos 2y1o5z

Rodolfo Luis Kowalski
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Discolabels, a nova loja de disco de Curitiba, une os vendedores da Vinil Attack, Agreste Discos e Môio Discos (Foto: Franklin de Freitas)

O futuro é analógico. É com essa reflexão (e também provocação) que três apaixonados pela música resolveram se juntar para criar a mais nova loja de discos de vinil de Curitiba. Trata-se da Discolabels, localizada no Centro de Curitiba (na galeria do Edifício Santos Andrade) e que reúne três marcas ou selos: a Vinil Attack, a Agreste Discos e o Moiô Azedo Discos. Uma junção que traz muitas opções para os apaixonados por rock, forró, rap, hip hop, jazz e world music, sempre com muita música brasileira no meio disso tudo.

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Dono e curador da Vinil Attack, o DJ Paulo Henrique foi quem deu o pontapé inicial para a criação do espaço, quando inaugurou sua loja (focada em brasilidades, jazz e world music) no local em outubro do ano ado. Na sequência, convidou o DJ Gustavo Silva, que é de Caruaru (PE) e foi o criador da Agreste Discos, para o projeto. Além de só discotecar forró em vinil, Gustavo é historiador e também músico, sendo vocalista da banda de grindcore Cachorro Da Duenç̧a. Por isso, sua atuação é voltada para o forró, regionalidades e o rock. E a tríade foi fechada na sequência, quando Henrique Eiras, da Môio Azedo Discos, se juntou à dupla, levando sua curadoria e discos de rap e hip hop para a loja.

“Quando vim para cá, era só a Vinil Attack. Mas a gente teve a ideia de ter uma collab de discos, cada um com uma vertente específica. O Môio Azedo é mais rap, hip hop, um material difícil de conseguir aqui no Brasil. Ele traz coisas do MF Doom, Dr. Dre, Madlib, coisas garimpadas pelo gosto musical dele. Aí o Agreste Discos, ele é de Caruaru, a capital do forró. Então ele trabalha com forró, músicas regionais, e também vem do rock’n’roll, é vocalista de uma banda de grindcore. Ele, assim como eu, é DJ também, mas discoteca só forró regional em vinil e é também professor de História. E aí tem a Vinil Attack, com a amplitude da World Grooves, antropologia em cima da música brasileira, o jazz e suas vertentes”, explica Paulinho.

Com a união dos três pesquisadores e apaixonados por música, nasceu a Discolabels, nome que “brinca” com os termos disco, collab e labels (que significa selo de discos). “É gente que entende de cultura, tem todo um amor por trás disso, além do comércio. Com a Vinil Attack, o Agreste e o Môio Azedo juntos, a gente consegue criar um leque bem maneiro de material para agradar todos os ouvidos. E estamos aqui do lado da Praça Santos Andrade, perto do Guaíra, numa galeria bem localizada”, afirma Gustavo.

Nostalgia para além dos discos de vinil 4k105o

Além dos discos de vinil, a Discolabels também traz alguns livros acerca de música, com biografias e pesquisas históricas sobre a cena curitibana e brasileira. E outro destaque da loja é um fliperama, que fica bem no meio da sala principal da loja, onde estão a maioria dos bolachões à venda. Uma atração que busca aguçar ainda mais o sentimento de nostalgia entre aqueles que adentram o espaço da loja.

“Todo mundo quer ter um fliperama ou já quis ter um fliperama, né? E esse aqui é de ficha e tem o jogo do Michael Jackson, Moonwalker, o que é muito massa pra gente, que é fã de música, do Michel Jackson. E tem esse lance da nostalgia mesmo, dos clientes entrarem aqui para garimpar um disco e também parar para jogar, trazer o filho junto, os dois jogando ali um Street Fighter… É muito divertido”, diz Paulinho.

Mercado forte e possibilidade de criação de um selo curitibano 453l1i

De acordo com Henrique, da Môio Discos, o mercado vinílico continua forte em Curitiba e crescendo. Na visão dele, num mundo em que tudo é digital, o analógico está voltando a ganhar destaque, é algo que está em alta. “Não à toa, nosso lema é ‘o futuro é analógico'”, aponta ele. Paulinho, por sua vez, emenda: “Eu até falo que escutar vinil é como se fosse um abraço, não uma mensagem de WhatsApp, saca? As duas têm a mesma mensagem, mas o vinil é o abraço quentinho.”

E os três apaixonados por discos e música sonham alto. A ideia é, daqui um tempo, criar um selo de discos curitibano, efetivamente, para gravar artistas locais (músicos e poetas). “O intuito é criar um espaço para a cena local, lançando discos de poetas independentes, de rappers, o que já acontece com a Zoom Discos. Tem muita coisa acontecendo no underground curitibano e queremos deixar isso marcado em vinil”, aponta o criador da Vinil Attack.