Quem lida com o lixo que os curitibanos não separam em casa? Em Curitiba, são as associações de reciclagem. A Associação Terra Santa, localizada no Tatuquara, é uma delas e tem 27 associados. O trabalho consiste em separar o lixo reciclável coletado na cidade. Com luvas e botas, esses trabalhadores reciclam 200 mil garrafas PET por mês, ou 80 toneladas, considerando todos os outros materiais.
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Cada material reciclado se torna renda para os associados. Desde dezembro de 2024, uma parceria com uma fintech canadense os beneficiou. A Plastic Bank, que incentiva a reciclagem como ferramenta de combate à pobreza, paga uma bonificação para cada kg de garrafa PET destinada à reciclagem. Assim, além do que já recebem todo mês, os associados estão recebendo um bônus pelos materiais.
No Brasil, a Plastic Bank já encaminhou mais de 7 milhões de quilos de plástico para reciclagem, volume que equivale a 374 milhões de garrafas plásticas. Ao todo, a empresa já pagou mais de R$ 2,5 milhões em bônus a coletores no país, incluindo pontos de coleta espalhados pelo Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
São 40 associações na separação de lixo em Curitiba 56v5g
Dona Ana Sousa tem 63 anos e é uma das fundadoras da associação, trabalha lá há 14 anos. Quando tudo começou, eram três pessoas e um ‘barracão’, como ela chama. “A gente não tinha documentação na época. Aí até chegar na mão da Prefeitura, arrumar tudo isso aí, a gente correu nas empresas para ter os materiais, né? O pessoal trazia de casa também. Juntos, nós até saímos com caminhão carregando alguma coisa de material”, conta.
Hoje, não é a associação que faz o trabalho de recolher o lixo. O material é recolhido pela Prefeitura, por meio do programa “Lixo Que Não É Lixo”, e chega para a separação nas associações. São cerca de 40 associações fazendo esse trabalho por meio do programa “Eco Cidadão” em Curitiba.
Rosani Fiuza, de 55 anos, é outra mulher que trabalha com separação de materiais recicláveis. Ela conta que saiu de uma auto-escola para trabalhar na associação à convite da sua irmã. Pelo horário, Rosani notou que faria mais sentido na rotina familiar – já que teria mais tempo para ficar com o marido, filhos e netos. Na auto-escola, ela chegava a trabalhar até as 22h.
Como funciona o trabalho na associação que recicla 5v562h
O lixo recolhido da casa dos curitibanos chega ensacado nas associações e é despejado em esteiras. Nelas, como uma linha de produção, os associados separam o que pode ser reciclado/vendido e o que não pode. E, por fim, os materiais recicláveis são prensados e enviados para as empresas que os compram.
Embora, na teoria, o material deva ser separado em casa, as associadas contam que encontram de tudo nas coletas. “A gente recebe muita, muita comida nos materiais. Às vezes, até arinho morto, rato morto, cocô de cachorro, que as pessoas juntam na rua e mandam também no reciclado. Se as pessoas separassem o lixo, seria muito mais fácil. Hoje, a gente produz cerca de 80 toneladas por mês, a gente poderia produzir 100 ou até mais”, conta Rosani.
A quantidade de lixo separado é importante para os associados, porque o salário é conforme esse número. Eles conseguiram benefícios de alimentação, licença à maternidade e INSS pago, mas ainda recebem conforme o que é produzido. Mesmo com as dificuldades, as associadas contam que criaram uma família no trabalho e sentem orgulho do que fazem. Mas claro, o trabalho das associações pode ser mais fácil se cada um fizer a sua parte em casa.
Lixo em Curitiba: 487 mil toneladas por ano 5s2y4h
Em 2024, segundo dados do Departamento de Limpeza Pública, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Curitiba produziu cerca de 487 mil toneladas de lixo em um ano, uma média de 40 mil toneladas de resíduos comuns por mês. Em relação ao lixo reciclável, foram coletadas 29 mil toneladas no ano – uma média mensal de 2,5 mil toneladas.
Todo esse lixo chega nos aterros, no caso dos resíduos comuns, ou nas associações de reciclagem. E uma boa separação desse lixo pode ajudar o meio ambiente.
Materiais que reciclam em Curitiba j6a25
- Lata de alumínio, papel (limpo e seco), vidro sem resto de alimentos, plástico
- Isopor limpo e seco, marmitas de alumínio (sem resíduos de comida)
- Talheres descartáveis
- Sacolas plásticas
- Caixas de papelão (inclusive engorduradas, sem restos de alimento)
- Guardanapo e papel toalha limpos (usados só para secar água, por exemplo)
- Caixinhas de papel de remédios
- Embalagens de produtos de limpeza e higiene, desde que completamente limpas
- Lixo eletroeletrônico (Ex.: monitores, celulares, TVs, computadores, que são entregues em mutirões, ecopontos, pontos fixos ou para os caminhões da coleta seletiva)
- Embalagens de salgadinho (recicláveis, embora de difícil reaproveitamento)
- Óleo de cozinha usado (Acondicionado em garrafas PET, pode ser entregue nos Ecopontos, no Câmbio Verde ou nos caminhões do Lixo Tóxico)
- Materiais que não são recicláveis no sistema municipal
- Guardanapos e papel toalha sujos com gordura, restos de comida, etc são lixo comum
- Cartelas de comprimidos vazias são lixo tóxico
- Frascos e tubos plásticos ou de vidro de remédios com resíduos químicos são lixo tóxico
- Embalagens de produtos de limpeza e higiene contaminadas com resíduos são lixo tóxico
- Papelão com restos de comida que não possam ser removidos é lixo comum